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sábado, 22 de agosto de 2009

Baden-Baden, minha constante na Alemanha

Cassino e casa de espetáculos de Baden-Baden

No quinto episódio da quarta temporada de Lost, um dos personagens centrais da série enfrenta um pequeno probleminha: sua consciência começa a viajar no tempo. Para evitar a própria morte, ele tem que estabelecer a sua constante, uma pessoa que ele conheça em todos os tempos pelos quais sua consciência está viajando, e tentar fazer contato com essa pessoa.

Bem, hoje eu decidi que Baden-Baden, cidade vizinha à nossa, será a minha constante na Alemanha. Minha consciência não está fazendo viagens no tempo, nem eu estou ficando maluca, mas eu descobri que essa cidade poderá me ajudar quando a "depressão europeia" me alcançar.

Morar na Europa é um privilégio, com toda certeza. Mas há uma enorme diferença entre passear e morar. Quando você está num lugar a passeio, tudo é lindo, pitoresco e engraçado. Você tira foto de tudo (só pra depois chegar em casa e ficar se perguntando onde estava com a cabeça quando fez aquela foto), quer visitar todas as atrações e você também sorri bastante. A vida é uma festa. Mas morar aqui é um pouco diferente, porque as coisas perdem o encanto de "ah, que legal e diferente!" e passam a ser "essa porcaria me enche a paciência!".

Nessas últimas duas semanas eu estava meio triste, chateada por estar tão longe da minha família e dos meus amigos do Brasil. Me forcei a pensar nas coisas boas de estar morando na Alemanha, e isso me lembrou que fazia tempo que a gente não passeava num lugar novo. Então, já há algum tempo, sugeri ao meu marido que fôssemos passear em Baden-Baden, cidade que ele já conhece um pouco, mas onde eu só tinha passado pela estação de trem.

Era questão de vida ou morte. Tá, nem tanto, mas eu precisava de um alívio.

Pesquisamos ontem na internet alguma coisa sobre o que fazer na cidade, e descobrimos que lá tem umas ruínas de uma casa de banho romana. Imediatamente isso me animou (adoro cacarecos), e também descobrimos que tem um pseudo-trenzinho que faz um passeio pela cidade. Nada escreve "Turista" na sua testa como um trenzinho desses, mas fazer o quê? É assim que a gente se diverte.

Baden em alemão significa "tomar banho", então é engraçado ter uma cidade com esse nome num país onde o povo não é muito chegado numa chuveirada diária. Mas a explicação para o nome da cidade está nas águas termais que são conhecidas desde a época dos romanos. O imperador romano Caracalla (nome sugestivo, não?) ia até lá para tratar sua artrite, e tem até uma casa de banho - são muitas em Baden-Baden - com seu nome. A cidade antigamente não tinha o nome repetitivo, mas como o estado também se chama Baden, a cidade virou Baden-Baden, uma maneira de dizer que é "a cidade de Baden no estado de Baden". O ex-presidente americano Bill Clinton gostou tanto de lá que chegou a dizer que "Baden-Baden é tão agradável que tiveram que nomeá-la duas vezes".

Bem, agora vamos ao passeio. Primeiro ponto positivo: a cidade fica a apenas 7 minutos (de trem) da nossa. Chegamos lá e pegamos um ônibus até o centro da cidade - e meu olhar de dona de casa já captou os supermercados que não tem aqui em Rastatt, hehehe. Descemos na estação inicial do "trenzinho" e seguimos viagem com ele.

O ônibus disfarçado de trenzinho

No trajeto, passamos por diversos prédios residenciais e construções antigas muito bonitos, e logo ali já comecei a ficar encantada com a cidade. O charme do centro me lembrou muito Paris. Talvez sem a boemia francesa e com um pouco da extrema praticidade alemã, mas foi o suficiente para me agradar. Alguns lugares também me lembraram Petrópolis.

Um certo ar parisiense

O trenzinho subiu uma montanha através de um bairro - encravado na Floresta Negra - que, eu presumo, seja o recanto dos chiques&famosos em Baden-Baden, porque eu vi muitas casas enormes e com um só nome na porta - e é assim que a gente descobre se uma casa com jeito de castelo é uma mansão ou uma espécie de cortiço de luxo, com umas 6 famílias diferentes morando lá dentro, em apartamentos.

A casinha na montanha

Depois do passeio, fomos em busca das ruínas da casa de banho romana. Rodamos, rodamos e rodamos, até encontrar o tal lugar... que só abre de 11h às 12h e depois de 15h às 16h. Não me perguntem sobre o horário bizarro, porque também não entendi. Fomos almoçar, passeamos mais um pouco pelas ruazinhas estreitas e antigas do centro e fomos até o cassino dar uma espiada...

Pracinha charmosa

Às 15h, voltamos às ruínas romanas, e entramos. Tinha um audioguide em inglês, mas nós não entendemos muita coisa, porque a explicação era muito vaga. Mas deu para ter uma ideia de como era o lugar, e conseguimos tirar uma foto clandestina (por que é permitido tirar fotos da Mona Lisa com flash mas não pode tirar de jeito nenhum de um monte de pedra velha?).


Na saída das ruínas, mais um passeio pela cidade, uma parada para comer sorvete e torta de chocolate com rum e cerejas, e depois a viagem de volta para casa.

Me deu vontade de morar em Baden-Baden. A cidade é linda, agradável e animada, cheia de gente nas ruas, o que faz toda a diferença aqui na Alemanha! Quando a tristeza vier e bater aquela vontade de ver gente na rua, movimento de pessoas pra lá e pra cá, ou mesmo que seja só para sentar num parque bonito e curtir a paisagem, Baden-Baden será a minha constante.