Mostrando postagens com marcador Brasil. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Brasil. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O outono chegou! Mas nada de tristeza, pois há tempo para tudo!


O outono chegou na Alemanha, e com ele o frio. Frio que corresponde às temperaturas mais baixas do inverno carioca, mas que aqui faz as pessoas colocarem um pulôver, um casaco leve e, quem sabe, uma echarpe fina.

Conheço muita gente que não gosta de ver o frio chegando por aqui. E não estou falando só de brasileiros, não! Algo me diz que o alemão fica meio borocoxô quando tem que tirar as blusas de frio das gavetas. Não é para menos: com estações bem definidas, esse friozinho significa que as férias acabaram, que a rotina voltou e que o inverno está chegando.

Eu também não fico feliz da vida, principalmente quando tenho que sair de casa. Mas consigo também ver o lado bom do outono.

Primeiro: as paisagens ficam lindas! As folhas amarelas e vermelhas, as árvores magrelas mas charmosas, a oportunidade de tomar um chocolate quente ou de passar a tarde debaixo do cobertor lendo um bom livro (combinar essas duas coisas também é muito bom).

Em segundo lugar, as pessoas ficam mais chiques. E aqui na Alemanha, isso significa que as pessoas cobrem suas roupas cafoninhas e espalhafatosas com casacos sóbrios e elegantes. Très chic!

E por último, mas não menos importante, o outono e o frio (e por que não o inverno?) nos ensinam a apreciar o sol, o calor e o verão. Eu sei muito bem o que é morar num país tropical que só tem duas estações no ano, sei o que é ver pessoas correndo para a serra paulista para poder curtir o frio, coisa que só quem vive torrando debaixo do sol sabe valorizar. Então é o sol que dá valor ao frio, o verão que dá graça ao inverno, e vice-versa.

No Brasil, eu sempre aguardava o que havia de bom na estação seguinte. Pode parecer o jogo do contente, mas o que há de mal nisso? Se são ciclos inevitáveis, o melhor que temos a fazer é aproveitar o que cada estação oferece de melhor. Que venha então o outono, e depois o inverno. Porque o colorido da primavera e o calor do verão não têm tanta graça sem os dois primeiros.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Saudade é isso

Terça-feira, 19h50. Lá fora, o céu começa a escurecer. É finalzinho de verão, mas a estação já cedeu há muito tempo. Há alguns dias que faz frio; os casacos mais pesados saíram do armário, assim como as echarpes que fazem as vezes de cachecóis. Estamos naquela época do ano em que as janelas já não podem mais ficar abertas, mas ainda é cedo para ligar os aquecedores.

Geralmente, a esta hora, meu marido já chegou em casa. Hoje, ele vai ficar trabalhando até mais tarde. Janto, deito na cama um pouco e olho para o céu escurecido lá fora. As lembranças me invadem.

Minha memória pula para meus últimos dias no Brasil. Dia 1º de junho, onze dias antes do meu casamento, eu estava apenas com minha mãe e minha irmã em casa. A família ia começar a chegar no dia seguinte, logo seriam dezenas de pessoas pelos corredores, quartos, salas, banheiros, cozinha. Não haveria um lugar onde não estivesse alguém fazendo alguma coisa. Mas agora estamos só nós duas, eu e minha irmã, sentadas ali no quintal, no degrau da porta da sala de TV. O céu está igualmente escuro, algumas estrelas despontando, o dia chegando ao fim. Minha irmã se levanta e entra, eu fico ali. Me pego pensando, naquele instante, que é o meu último momento mais íntimo com a casa. Só nós e a casa onde passamos boa parte da infância e toda a adolescência.

Nos últimos meses, eu havia passado várias tardes sozinhas ali trabalhando, com minha mãe em Minas e a Nádia no trabalho. E eu gostava de estar assim. No final da tarde, a Nádia chegava, tomava café, nós colocávamos as conversas em dia e ela se arrumava e saía para a faculdade. Às vezes, quando ela não tinha aula, víamos um filme. Acho que aproveitamos pouco do que poderia ter sido.

Quando minha mãe estava em casa, ela ficava fazendo seus trabalhos manuais na sala, ou na sala de TV, ou mesmo na cozinha. Eu ia lá de vez em quando, para espairecer um pouco. Batíamos um papo, ela me contava alguma coisa que havia visto na TV ou que tinha acontecido recentemente. Quando meu pai também estava em casa, um deles fazia café lá pelas quatro da tarde e levava uma xícara para o outro, às vezes acompanhada de um pão francês ou de uma fatia de queijo Minas. Me dói pensar que é uma experiência que não vou ter mais como da minha casa. Agora, todas as vezes que eu presenciá-la, será uma cena isolada, na casa dos meus pais. Ela não é mais minha, é deles.

Minha memória pula de novo, agora para a última vez que o David esteve em Niterói antes de vir para a Alemanha pela primeira vez, há dois anos. Ele me ajudou a mudar os móveis do meu quarto de lugar, e depois me ajudou a arrumar tudo, jogar coisas fora, colocar outras no lugar. Foi no último dia mesmo. No dia seguinte, ele viajou para Santos e, alguns dias depois, de São Paulo para Frankfurt, trazendo um pedação do meu coração com ele.

Mudanças têm esse poder de imprimir imagens, cheiros e ruídos em nossa memória. Posso fechar os olhos e me imaginar na casa dos meus pais, neste mesmo horário: o cachorro do vizinho latindo, minha mãe cantando enquanto se arruma para o ensaio, meu pai esquentando o jantar no microondas enquanto vê jornal na TV da cozinha, meus sobrinhos brincando, cigarras e grilos cantando lá fora, talvez o som do meu próprio teclado do computador.

Também consigo me lembrar fácil de outros marcos na minha vida: estranheza saindo de Niterói em 1989 e chegando em São Luís em seguida; memórias de viagens diversas; saudade me despedindo da minha irmã que foi para o seminário em 1991; saudade de mais uma vez me despedindo da outra irmã que casou e foi morar fora em 2001; nostalgia e nó na garganta abraçando amigos no meu casamento; surpresa, novidade e cansaço chegando na nossa casa nova na Alemanha. Partidas, chegadas, mudanças.

É tudo muito melancólico, eu sei, mas também é muito bom. A saudade é gostosa, faz a gente lembrar do que a gente ama e valoriza. Momentos preciosos que não voltam mais, e que por isso mesmo têm um lugar muito especial no coração. Muitas vezes não percebemos a importância deles enquanto acontecem, mas em algumas poucas ocasiões temos essa sorte. E, naquele 1º de junho, eu pude desfrutar do meu último cair da noite, a sós com a nossa casa.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A vida tem trilha sonora


Ontem o David e eu assistimos ao filme Transformers: Revenge of the Fallen. Eu adorei o primeiro filme e até comprei o dvd duplo dele, mas esse segundo foi uma decepção! Muita coisa sem pé nem cabeça, cenas beirando o ridículo com os pais do Shia LaBeouf, montagem que deixava a gente sem entender nada, forçação de barra, exploração do corpo das personagens femininas ao extremo... enfim, não gostei. E um dos meus Autobots favoritos, o Optimus Prime, não aparece muito.

Uma coisa que ajudou a salvar o filme, como sempre, foi o Bumblebee, o Camaro do Sam, personagem do LaBeouf. Além de ser lindo (como carro) e fofo (como Autobot), ele fala através de músicas, o que sempre rende momentos engraçados.

Eu me peguei hoje então pensando em como a vida tem trilha sonora, com momentos em que uma música pode resumir bem o que estamos vivendo. Músicas que a gente gostaria de ouvir, ou até que acabam tocando na hora certa.

Por exemplo, tem tudo a ver você estar dentro do carro com sua família toda mais agregados, calorzão do verão brasileiro, indo visitar a vovó ou a tia numa cidade que fica a horas de distância, e de repente tocar a música Holiday Road, do filme Férias Frustradas. Quem não lembra do refrão "Holiday roaaaaaaad..." enquanto os Griswolds deslizavam pelas estradas americanas, carregando o corpo da falecida tia Edna no bagageiro (crianças, não façam isso com a sua titia!).

Teve um dia que eu estava num ônibus em Niterói, passando por uma praia. Justo nessa hora, começou a tocar no meu mp3 He's a Pirate, a música dos créditos finais de Piratas do Caribe, música que eu adoro. Tinha tudo a ver: o sol, as ondas batendo nas pedras, os barcos ao longe, o cheiro de mar, o ventinho gostoso no rosto. Savvy?

Mas legal foi quando eu encontrei meu marido ao vivo pela primeira vez. Nós havíamos nos conhecido pela internet e, pouco mais de um ano depois, eu e uma amiga que é hoje minha concunhada saímos do Rio em direção a Santos para conhecer nossos futuros maridos (embora a gente ainda não soubesse disso - tive que explicar porque do jeito que tava parecia até casamento arranjado, haha). Bem, viajamos a noite toda e, por volta de 5h30 da manhã, quando o ônibus estava encostando na rodoviária e nós estávamos olhando ansiosas, procurando os "meninos", meu mp3 - que devia ter síndrome de Bumblebee ou algo parecido - começou a tocar Nervous In The Light of Dawn (Nervosa à Luz do Amanhecer), da Leigh Nash. Mais propício, impossível.

E tem também as músicas que nós podemos escolher - para dançar com alguém, para um casamento ou aniversário, para representar um momento em nossas vidas.

Acho que hoje eu diria que uma música de suspense serviria bem ao meu estado de espírito. Não algo tenebroso como a música de Tubarão ou de um filme do Hitchcock, porque essas histórias nunca terminam bem. Mas um suspense... benigno. Algo como "O que vai acontecer agora? Cheguei aqui na Alemanha, o que me aguarda à frente?" Mais uma vez eu sinto que a minha vida está em suspenso, em espera, esperando uma certa nota ser tocada pra algo acontecer. Não é um sentimento ruim, e é uma coisa à qual já estou acostumada. Isso é resultado das constantes mudanças que eu venho vivendo, seja no trabalho ou na vida pessoal.

Acho que a maior e mais recente mudança foi o meu casamento, junto com a mudança para a Alemanha. É tanta coisa para pensar que às vezes eu tenho que parar e analisar cada uma separadamente, tamanha a enormidade delas. É muito estranho e difícil mudar de país e ter que se adaptar a uma cultura nova, isso não vou negar. Mas é muito bom estar casada com o homem que eu amo e poder acordar ao lado dele todos os dias, e viver a nossa vida.

Então posso dizer que essa música de suspense toca... enquanto, nas pausas, ouvimos as notas familiares de La vie en rose.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

"Stay for awhile"

Este é um vídeo que minha prima Érika, fofa, linda, maravilhosa, minha amiga de infância e futura cineasta famosa, fez com as gravações dos 10 dias (pra mim) de férias em família mais divertidos que eu já tive até hoje.

Foi um período bittersweet porque, apesar de terem sido dias maravilhosos com pessoas amadas que culminaram com o meu casamento com o homem que amo, logo depois disso eu me mudei para a Alemanha, deixando para trás o Brasil, país que eu amo, e algumas das pessoas mais importantes da minha vida.

Não sei se você, um dos meus 13 leitores, vai chorar e rir como eu quando assisti o vídeo, mas acho que será impossível não perceber como é bom fazer parte dessa família!