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segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Volta às aulas

Nada como um caderno de Nárnia para alegrar as aulas!

Tirei a poeira do dicionário, busquei livros em armários e empunhei caderno novo: voltei para a escola.

Eu sempre gostei do início do ano escolar. Era muito gostoso ter cadernos e livros novos, e se possível também mochila, estojo, lapiseira, borracha e caneta. O cheirinho das páginas recém-saídas das gráficas, do material novinho, do plástico que cobria as capas de cadernos e livros. Ah, como era gostoso! (Isso perdeu um pouco da graça na universidade, quando os professores não pediam livros, e sim textos da xerox - e todo universitário sabe que xerox é enjoada, lotada, cansativa e não tem cheirinho bom coisa nenhuma!)

Bem, semana passada começou o meu curso de alemão. Em janeiro de 2008, eu já havia feito o Módulo 1, apenas o comecinho desse mesmo curso. Agora vou fazer os seis módulos básicos, inclusive repetindo o primeiro. Não quis cair de pára-quedas no Módulo 2, preferi relembrar a matéria do começo e ter a gostosa sensação de entender tudo o que a professora fala. O curso é intensivo, e está previsto para terminar em abril do ano que vem.

A minha turminha é muito legal. Tenho dez amiguinhos, cada um de um país diferente, com exceção de duas russas que dividem a nacionalidade. Os outros países são Vietnã, Turquia, Romênia, Tailândia, Egito, Moldávia, Ucrânia e Espanha. O pessoal é simpático e mostrou entrosamento logo no primeiro dia, apesar de quase ninguém ter bagagem de alemão suficiente para realmente conversar. Nossa simpatia é transmitida uns aos outros através de sorrisos de encorajamento em sala de aula.

É muito interessante poder conhecer pessoas de outros países e culturas. Apesar de às vezes me acostumar com o fato de estar na Europa e cercada de gente de tudo que é canto do mundo, de vez em quando eu me forço a lembrar que essa é uma situação que eu tenho que aprender a valorizar. Uma das coisas que gosto de fazer é observar as personalidades de cada um e tentar isolá-las das idéias pré-concebidas que se tem em relação à nacionalidade dessa pessoa, porque todo mundo (e eu me incluo nessa) tem mania de colocar rótulos, e isso não é bom. Por exemplo, o pensamento geral aqui é de que os russos, que aqui tem aos montes, vêm para cá para "mamar nas tetas do Governo" e sempre tentam conseguir algo em proveito próprio. Porém uma das russas da minha turma não tem nada a ver com isso, é simpática e esforçada, e não parece ser do tipo que sempre gosta de ter vantagem em tudo. A romena é super agradável e gentil, o que vai contra o pensamento que temos de que todo europeu - ainda mais do Leste - é arredio. O turco é risonho, diferente da idéia que eu tinha de que eles sempre são sisudos e fechadões. O espanhol é engraçado e bastante disposto a entender o meu português, o que joga contra a antipatia que podemos sentir em relação aos agentes alfandegários que trabalham nos aeroportos da Espanha, não é mesmo?

E hoje, voltando para casa, eu vim ouvindo uma música que criou um momento digno de trilha sonora da minha vida: "O Caderno", do Toquinho. A música é muito fofa, e a parte da letra que eu mais gosto é aquela que diz assim: A vida se abrirá num feroz carrossel. Alguém pode dizer que não foi isso mesmo que aconteceu?

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Final de semana na Alemanha

Sábado, eu e meu maridão fomos a um pocket show da esposa do chefe dele. O convite foi feito há um bom tempo, e não sabíamos se ia dar pra ir, mas acabou tudo dando certo.

Como sempre aqui nessa terra, nós passamos por umas aventuras para chegar ao local onde seria o show. Nós tínhamos um mapinha, mas estamos descobrindo dolorosamente e na prática que isso nem sempre ajuda.

Chegamos ao local indicado no papel e encontramos uns prédios antigos. Fomos procurando e vimos uma luzes vindo de uma porta, e lá dentro tocava música alta. Algumas pessoas fumando na porta, uns caras com aquele jeitão decadente de "E aí, gatinha?", mulheres tentando desesperadamente esconder a idade com maquiagem. "É aqui?", pensei meio desolada. Quando entramos, fomos saudados por música caribenha num volume homérico. Dentro do salão, fomos subitamente transportados - contra a nossa vontade, diga-se de passagem - para uma cena do filme Dança comigo?, aquele com a Jennifer Lopez e o Richard Gere. Também poderia ser Dirty Dancing 2: Havana Nights - você escolhe o suplício. Bem, obviamente não era ali, então resolvemos pedir informação a alguém. Enquanto o maridão foi pedir informação, fiquei observando os casais dançando na pista. Hum. Pelo menos não sou a única que não tem gingado por aqui. Pairava no ar uma leve atitude Não sei o que estou fazendo aqui, mas eu só quero me divertir. Corta para o marido recebendo informação de um professor magrinho que não parava de dançar enquanto falava e explicava para onde devíamos ir. A cara do marido diante disso foi impagável.

Enfim, quando saímos de Little Havana, conseguimos encontrar onde seria o show. Era uma espécie de galpão-abandonado-transformado-em-lugarzinho-cool, muito comum no Rio. Infelizmente vocês terão que contar com a imaginação de vocês para visualizar o lugar, porque eu meio que esqueci que tinha um blog e nem lembrei de tirar fotos do lado de fora. Também vão ter que adivinhar a minha roupa, porque eu também esqueci de tirar uma foto minha!

Chegando lá, um palco pequeno, algumas fileiras de cadeiras e um ambiente acolhedor. Olhei em volta e só reconheci algumas poucas pessoas que já conhecia do trabalho do David, além do pastor da igreja alemã que fomos uma vez aqui em Rastatt. Ele e a esposa estavam sentados e bebendo champanhe. Definitivamente, pastores alemães são diferentes.

A Nurten, esposa do chefe e estrela da noite, parecia bem nervosa, mas eu soube depois que já era a segunda vez que ela fazia isso. Ela não é cantora profissional [ainda], mas gosta muito de música e, cá entre nós, é dona de uma voz muito bonita, como eu descobri nesse dia. A voz dela é suave e tem um timbre mais grave, e foi muito gostoso ouvi-la cantar.


O show começou e, graças a Deus, todas as músicas foram em inglês. Tudo bem que eu não entendia patavinas do que ela dizia entre uma canção e outra, mas já estou me acostumando a isso.

Eu gostaria de poder dizer aqui o nome das músicas que ela cantou, mas eu não sei. Eu conhecia algumas, mas não sabia cantar, nem o nome. Aposto que minhas cunhadas saberiam, rs. A Nurten chamou alguns convidados para cantar com ela, e no final ela também tocou um pouco de violão.

Depois ela chamou dois rappers alemães (mas que também poderiam ser dois meninos paulistas), de cujo discurso/cantoria inflamados eu só entendi uma palavra: Deutschland. Pois é.


Após o show realmente acabar, a galera arrastou as cadeiras (o que bizarramente me remeteu aos retiros de Carnaval do CEI) e começaram a tocar um bate-estaca lá. Acho que aquilo era uma balada alemã. Fomos para o mezanino e comemos alguma coisa, conversamos mais um pouco e decidimos que, para a nossa primeira balada alemã, já estava de bom tamanho. Pegamos carona com um colega do David e viemos para casa.

***

No domingo, nós fomos a [mais] uma festa de verão, desta vez na cidade de Ettlingen. Fazia sol, então resolvemos que seria uma boa sair um pouco de casa.

Chegamos lá e a cidade estava fervendo. Nos disseram que era uma das últimas festas do verão, e uma das maiores, e que por isso ia bombaaaaar!!! Ok, ninguém que eu conheço fala assim, mas é mais ou menos essa a ideia.

O que havia de diferente nessa festa, além das intermináveis barracas de comida e bebida, eram duas coisas. Primeira: assim que chegamos, demos de cara com uma banda tocando ABBA. A princípio pensei que fosse uma furiosa, mas depois percebi que era uma orquestra... de acordeons (olha aí, mãe)! Chegamos quando estavam tocando Super Trouper, e depois entrou SOS. Confiram no vídeo abaixo um trecho.



Eu insisti com o maridão pra gente sentar e comer (sim, por que mais estaríamos lá?) ali perto. Acabamos almoçando ao som do grupo, que tocou músicas tradicionais alemãs, americanas e italianas.

A segunda coisa diferente que vi nessa festa foi uma feirinha de artesanato. Tinha cada coisinha mais linda e diferente. Algumas com preço bom, outras nem tanto. Eu acabei não comprando nada porque ainda não sei como vai ser a decoração aqui de casa, então preferi deixar para a próxima.


E assim terminou mais um final de semana na Alemanha. Esta semana será bem agitada, e espero voltar aqui no próximo domingo com notícias e novidades!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A vida tem trilha sonora


Ontem o David e eu assistimos ao filme Transformers: Revenge of the Fallen. Eu adorei o primeiro filme e até comprei o dvd duplo dele, mas esse segundo foi uma decepção! Muita coisa sem pé nem cabeça, cenas beirando o ridículo com os pais do Shia LaBeouf, montagem que deixava a gente sem entender nada, forçação de barra, exploração do corpo das personagens femininas ao extremo... enfim, não gostei. E um dos meus Autobots favoritos, o Optimus Prime, não aparece muito.

Uma coisa que ajudou a salvar o filme, como sempre, foi o Bumblebee, o Camaro do Sam, personagem do LaBeouf. Além de ser lindo (como carro) e fofo (como Autobot), ele fala através de músicas, o que sempre rende momentos engraçados.

Eu me peguei hoje então pensando em como a vida tem trilha sonora, com momentos em que uma música pode resumir bem o que estamos vivendo. Músicas que a gente gostaria de ouvir, ou até que acabam tocando na hora certa.

Por exemplo, tem tudo a ver você estar dentro do carro com sua família toda mais agregados, calorzão do verão brasileiro, indo visitar a vovó ou a tia numa cidade que fica a horas de distância, e de repente tocar a música Holiday Road, do filme Férias Frustradas. Quem não lembra do refrão "Holiday roaaaaaaad..." enquanto os Griswolds deslizavam pelas estradas americanas, carregando o corpo da falecida tia Edna no bagageiro (crianças, não façam isso com a sua titia!).

Teve um dia que eu estava num ônibus em Niterói, passando por uma praia. Justo nessa hora, começou a tocar no meu mp3 He's a Pirate, a música dos créditos finais de Piratas do Caribe, música que eu adoro. Tinha tudo a ver: o sol, as ondas batendo nas pedras, os barcos ao longe, o cheiro de mar, o ventinho gostoso no rosto. Savvy?

Mas legal foi quando eu encontrei meu marido ao vivo pela primeira vez. Nós havíamos nos conhecido pela internet e, pouco mais de um ano depois, eu e uma amiga que é hoje minha concunhada saímos do Rio em direção a Santos para conhecer nossos futuros maridos (embora a gente ainda não soubesse disso - tive que explicar porque do jeito que tava parecia até casamento arranjado, haha). Bem, viajamos a noite toda e, por volta de 5h30 da manhã, quando o ônibus estava encostando na rodoviária e nós estávamos olhando ansiosas, procurando os "meninos", meu mp3 - que devia ter síndrome de Bumblebee ou algo parecido - começou a tocar Nervous In The Light of Dawn (Nervosa à Luz do Amanhecer), da Leigh Nash. Mais propício, impossível.

E tem também as músicas que nós podemos escolher - para dançar com alguém, para um casamento ou aniversário, para representar um momento em nossas vidas.

Acho que hoje eu diria que uma música de suspense serviria bem ao meu estado de espírito. Não algo tenebroso como a música de Tubarão ou de um filme do Hitchcock, porque essas histórias nunca terminam bem. Mas um suspense... benigno. Algo como "O que vai acontecer agora? Cheguei aqui na Alemanha, o que me aguarda à frente?" Mais uma vez eu sinto que a minha vida está em suspenso, em espera, esperando uma certa nota ser tocada pra algo acontecer. Não é um sentimento ruim, e é uma coisa à qual já estou acostumada. Isso é resultado das constantes mudanças que eu venho vivendo, seja no trabalho ou na vida pessoal.

Acho que a maior e mais recente mudança foi o meu casamento, junto com a mudança para a Alemanha. É tanta coisa para pensar que às vezes eu tenho que parar e analisar cada uma separadamente, tamanha a enormidade delas. É muito estranho e difícil mudar de país e ter que se adaptar a uma cultura nova, isso não vou negar. Mas é muito bom estar casada com o homem que eu amo e poder acordar ao lado dele todos os dias, e viver a nossa vida.

Então posso dizer que essa música de suspense toca... enquanto, nas pausas, ouvimos as notas familiares de La vie en rose.

terça-feira, 28 de julho de 2009

"O quê? Você também! Pensei que eu era o único!"*


Por que Na sala de espera do mundo?

Clive Staples Lewis, ou simplesmente C.S. Lewis, é um dos autores mais influentes na minha vida. Ele é mais conhecido por ter escrito As Crônicas de Nárnia, uma série de 7 livros infanto-juvenis, mas que entretêm adultos da mesma maneira. Jack, como ele próprio escolheu ser chamado aos 4 anos, também é autor de outras obras de ficção, além de várias sobre apologética e vida cristã, e todos elas estão recheadas de verdades que, quando você lê, se pega pensando: "Caramba! Não é que é mesmo?"

Se querem entender um pouco mais por que os fãs de Lewis são sempre do tipo de carteirinha, aqui está uma estorinha. Uma vez eu me perguntei se haveria alguém que não gosta de C.S. Lewis (além do Phillip Pullman e do Neil Gaiman, é claro). Pesquisei no Google e achei uma moça americana que parecia muito chateada com ele. Em seu blog, ela dizia que o C.S. Lewis a irritava profundamente, porque toda vez que ela tinha uma boa ideia sobre algo e ia fazer uma pesquisa para começar a escrever sobre o assunto, ela descobria que Lewis já havia escrito sobre aquilo, colocando as ideias de uma maneira infinitamente melhor do que ela poderia imaginar. Assim é o Jack!


Mas eu estou aqui para explicar o nome do blog. Pois é. Lewis se referia à nossa vida na Terra como um tempo passado numa sala de espera, enquanto aguardamos a verdadeira Vida, que vai começar após nossa passagem para o próximo mundo. Some a isso o fato de que a banda Sixpence None The Richer, uma das minhas favoritas, tem uma música chamada The waiting room e voilá - eis o nome do blog. Aliás, devo mencionar aqui a Glorinha de novo, porque foi o nome do blog dela - Bela decepção - que me levou a escolher este aqui para o meu.

Então, enquanto estamos aqui nesta bela sala de espera, vamos tentar tornar a vida mais interessante!


*Frase retirada de uma citação de C.S. Lewis, que, completa, diz: "A amizade nasce no momento em que uma pessoa diz para a outra: 'O quê? Você também! Pensei que eu era o único!'" Viram como ele diz um monte de coisas legais e que pareciam óbvias, mas ninguém mais o disse antes?