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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Aquele com o instrutor poliglota

Após 7 meses de ócio total aqui neste blog, começo mais uma tentativa de voltar à programação normal.

Durante esse período de hibernação, muita coisa aconteceu: terminei o curso de alemão, passei na prova, tirei férias, fomos à Itália, recomecei o curso de alemão, teve Copa do Mundo, o Brasil perdeu e eu tive que tirar a bandeira pendurada na janela da cozinha, a vó do David esteve aqui na Alemanha, LOST acabou, minha cunhada odiou, eu engordei, emagreci, engordei de novo, tivemos um rendez-vous frustrado em Barcelona com a Gabi e o Guiga, conheci gente nova, ganhei um Kindle (!!!), descobri que quatro amigas e uma prima estavam grávidas, duas delas já tiveram os bebês, comecei academia, esqueci umas coisas, aprendi outras e, espero, sou uma pessoa diferente do que era em março.

Como um aluno preguiçoso que só lê e resume o último capítulo de Dom Casmurro para aquele trabalho da 8ª série, vou reviver o blog com o assunto mais fácil e recente pra mim: a academia.

Hoje foi meu primeiro dia (eu disse que era recente!). Eu estava toda apreensiva porque teria que ir sozinha, e já imaginava o professor filosofando em alemão sobre os músculos e a melhor forma de desenvolvê-los enquanto eu incorporava aquela atitude de recepcionar psicopatas que vocês já conhecem. Além disso, tinha a preocupação de não estar familiarizada com a etiqueta de academia aqui na Alemanha. Minhas duas cunhadas já se matricularam em academias aqui e me deram algumas dicas, mas eu ainda ficava meio ressabiada.

Uma das coisas que me encucavam era que eu nunca via nas ruas daqui uma das coisas mais comuns no Rio: mulher andando na rua trajando roupa de ginástica. Talvez isso seja comum em outras partes do Brasil também: você vê gente assim no supermercado, na farmácia, na padaria, no shopping... (homens também devem fazer isso, mas eles malham com o mesmo tipo de roupa com que vão comprar pão, então fica difícil especificar)

Descobri depois que o motivo é que aqui quase todo mundo toma banho depois da academia ou então troca de roupa (veste calça jeans e tudo) e só vai tomar banho em casa. Então eu já me senti uma ET indo pra academia de calça preta de malha fina e casaco fino tipo esportivo (num frio de 5 graus). "Essa aí é professora de educação física", devem ter pensado de mim. Acontece que eu moro muito perto da academia e não vou pagar 50 centavos por uma ducha de 5 minutos (é, o banho na minha academia é pago, mas é porque o plano é baratinho) nem vou vestir calça jeans por cima do corpo suado só pra andar 10 minutos até o conforto do meu apartamento.

Bem, chegando à academia, fui falar com o professor que estava na recepção - aqui é chamado de personal trainer, mesmo sendo para todos os alunos. Eu tinha marcado para fazer a minha série, e até então só tinha encontrado a menina com quem eu me inscrevi na academia. Então esse professor era novo. Avisei que era nova, que não tinha a pulseirinha eletrônica ainda, e que tinha marcado pra fazer a minha série. Ele me deu uma ficha para preencher meus dados de saúde (outra diferença: nada de exames caros que você tem que fazer para começar. Minha teoria é que os alemães, como em todas as outras áreas, veem isso de forma muito prática: aos [gulp] 29 anos, eu já sei muito bem quais são meus problemas de saúde, e se eu mentir na ficha quem vai se dar mal depois sou eu, certo?) e eu preenchi tudo, só deixando o que não tinha entendido. Fui perguntar a ele, e ele me pergunta: Bist du aus Spanien oder Portugal...? Disse que era brasileira e o instrutor simplesmente começa a falar português comigo! Tipo assim, ele nem avisou primeiro que falava português - ele apenas começou a me explicar as coisas na minha língua materna e na maior sem-cerimônia! Eu esqueci um pouco o papel e fiquei meio abobalhada, e fiz a pergunta mais óbvia e idiota: "Você fala português?" E não é que o cara já esteve em Recife para aprender Capoeira e fala um português até bom? Ele me explicou algumas coisas em português e outras em alemão, mas não foi complicado. A maioria dos aparelhos eu já conhecia do Brasil. Depois, na esteira, eu fiquei rindo da 'coincidência' de ter encontrado um instrutor que fala português... e fiquei pensando que Deus é mesmo muito fofo, por ter, até nisso, me ajudado. É impressionante como umas coisas bobas e pequenas assim conseguem deixar a gente apreensiva aqui.

Mais algumas curiosidades e diferenças da academia:
-Por € 5,99/mês eu posso beber à vontade umas bebidas bizarras que tem lá. Mas eu não "assinei" esse serviço porque não sou muito chegada nos sabores de fruta que o pessoal gosta aqui.
-Na academia não é permitido usar o mesmo tênis com o qual viemos andando pela estrada afora. Tem que levar um tênis na bolsa (não pode deixar lá, apesar do vestiário imenso com uns 372 armários) e trocar para fazer exercícios. O tênis que você usa pra ir pra casa é problema seu, mas é melhor aparecer com um limpinho na bolsa no dia seguinte.
-É obrigatório o uso de uma toalha de rosto em todos os aparelhos. A gente usa pra sentar em cima ou apoiar o braço, a barriga, o tórax... onde suar, é ali que ela vai. E, na ergometria, é como no Brasil: papel toalha e spray com álcool. Achei muito engraçado umas senhoras mais velhas com toalhinhas floridinhas e estampadinhas.
-Não tem Ana Maria Braga passando na TV!!! hahahaha

O resto é exatamente como nas academias do Brasil: os sarados, os exibidos, os mais velhos, os na deles, as amigas tagarelas, as senhoras, os professores simpáticos e as recepcionistas ligeiramente patricinhas mas legais.

*****
É, acho que pra um ensaio de retorno, até que não está mal. Voltarei em breve para contar alguns eventos importantes que já passaram, como a viagem à Roma (nossa nova cidade-favorita-pra-sempre-enquanto-dure), o Kindle e meu novo priminho. Mas com calma. Não posso ir muito rápido ou irei assustar meus 13 leitores. :)

domingo, 28 de março de 2010

Que saudade do Galvão!


Eu nunca imaginei que um dia iria dizer a frase do título deste post. Como a maioria dos brasileiros, não tenho muita paciência com o Galvão Bueno. Mas a transmissão de Fórmula 1 aqui da Alemanha é uma coisa de outro mundo. Um mundo em que a gente sonha poder ouvir o famoso "Bem amigos da rede Globo..."

Pra começar, tem a tietagem dos repórteres e comentaristas. Se os do Brasil (mais precisamente os da Globo, mesmo) gostam de se gabar de que são íntimos dos esportistas famosos e que tem uma espécie de acesso VIP a eles, os daqui tietam na maior cara-de-pau. E, com seis pilotos alemães na temporada atual de F1, eles são capazes de passar mais de meia hora falando e entrevistando (antes da corrida) só os representantes nacionais no esporte. Na primeira corrida deste ano, eu fiquei assistindo enquanto um repórter vestido com um paletó ultra-colorido (!) pulava de carro em carro, já no grid de largada, entrevistando (ou tentando) os pilotos alemães. De um por um. Tive vários momentos "vergonha alheia", já que o pobre repórter invariavelmente ficava no vácuo, porque obviamente os corredores já estavam concentrados para a corrida.

Depois, teve o fato de o Schumacher estar de volta à Fórmula 1. Gente, quanta puxação de saco! A cada 2 minutos eles davam um jeito de colocar o nome do Schumi na conversa. Parecia o Mr. Collins de Orgulho e Preconceito, que a toda e qualquer hora quer mencionar sua venerada Lady Catherine DeBourgh:

Estamos transmitindo o GP do Bahrein. Aqui vemos o campeão do ano passado, Jenson Button, mas sabem quem está aqui hoje? Michael Schumacher! Ele volta hoje à Fórmula 1. Ah, ali está o Felipe Massa. E o Fernando Alonso, bicampeão da Fórmula 1. Os dois correm pela Ferrari. Sabem quem corria pela Ferrari e foi campeão 7 vezes? Michael Schumacher!! E ali está a mãe do Lewis Hamilton. Dizem que ela faz bolinhos deliciosos. E sabem quem adora bolinhos? Ele mesmo, Michael Schumacher!!!!!!

E uma outra coisa que me deixou pasma. Estávamos assistindo à corrida e, do nada, entra um comercial! Não um comercial daqueles em que um narrador lê uma vinhetinha e aparece uma animação rápida na tela, por cima da imagem da corrida. Não, foi uma propaganda completa e vitaminada, que durou nada mais, nada menos do que 7 minutos! Eu contei! Eu não podia acreditar no que estava vendo. Num esporte como a Fórmula 1 - aliás, em qualquer esporte - , em que as coisas podem mudar muito rápido, é um crime fazer uma propaganda dessas, por menor que seja. Eu só sei que, quando voltou, tínhamos perdido umas cinco voltas e a posição dos pilotos na corrida já estava completamente diferente. Não satisfeitos, claro, essas megapropagandas se repetiram outras duas vezes durante a transmissão.

E a narração durante a corrida? O bicho está pegando lá na frente, com três pilotos disputando posições, e a TV alemã fica mostrando a rodadinha que o Schumacher deu lá atrás, no décimo lugar. Não só mostrando, como repetindo de três ângulos diferentes. Eles também lamentam o tempo todo sobre cada alemão que teve que abandonar a corrida. O engraçado é o tom de voz. Eles dizem algo como "Ah, mas que pena que o Vettel teve que sair!" Quase posso ouvi-los dizendo "Eu estava torcendo tanto por ele! Ah, nem! Que raiva, sô!"

Tá bom, eu sei. Eu já tô começando a implicar. Transmissão brasileira também é super tiete com os brazucas. Mas é que eu fiquei brava mesmo foi com a propaganda de 7 minutos. No dia seguinte perguntei à professora se era assim também na Copa do Mundo, e ela disse que no máximo eram comerciais de 30 segundos. Ufa!

Só em uma coisa eles me ganharam. Quando apareceu o Bruno Senna, eles comentaram o fato dele ser sobrinho do Ayrton Senna, e falaram um tantinho de nada sobre o nosso querido e saudoso piloto. O fato dos comentaristas conhecerem e falarem sobre o Senna devolveu um pouquinho do meu respeito por eles. Mas só um pouquinho. Até o próximo intervalo de 7 minutos. ¬¬

quarta-feira, 10 de março de 2010

Curso de Alemão ou Sobre Como Enlouquecer na Terra de Lutero


Olá, meus queridos 13 leitores!

Eu sei, eu sei. Tenho estado absolutamente sumida. O problema não tem sido a falta de ideias, assuntos ou acontecimentos, e sim de vergonha na cara para vir aqui e escrever sobre tudoissoqueestáaiacontecendoagora.

Não prometo que vou escrever tudo o que aconteceu desde o último post. Acho melhor trazer o blog de volta à vida falando do que é mais presente no meu dia-a-dia: o curso de alemão.

Estou quase terminando o curso de integração, que é em parte patrocinado pelo governo alemão para os imigrantes que aqui chegam. Faltam mais ou menos dois meses de aula e uma prova, e então eu terei o certificado B1. Pelo menos eu acho que vou ter, já que acredito que eu esteja indo bem no idioma. Veja bem, "ir bem num idioma" não significa o mesmo que falar fluentemente. Pelo menos, não pra mim. Eu consigo entender tudo que as professoras falam em sala, mas nas ruas a conversa é outra. A linguagem coloquial é mais rápida, às vezes abreviada, e muitas vezes enrolada. E olha, eu só deixo se identificar comigo quem já aprendeu algum idioma além do inglês. Inglês no Brasil a gente não aprende, pega por osmose. Minha mãe, de tanto assistir House, The Mentalist e CSI, já entende um bocado de coisa sem nunca ter estudado inglês. Mas uma outra língua como alemão, russo, francês, estoniano, chinês - isso sim é barra pesada. Eu me solidarizo com você, Bruder. (A propósito, espanhol e italiano também não contam, viu? São muito parecidos com o português.)

Voltando ao curso de alemão, a gente se diverte muito, seja odiando em conjunto o idioma de Goethe, seja rindo das nossas próprias dificuldades e deficiências. É comum a gente cair na gargalhada quando alguém está lendo um texto em voz alta e se depara com palavras como Verkehrsverbindung ou Gleichberechtigung. A sequência de reações do dito leitor é quase sempre igual: surpresa (com aquele monte de letras amontoadas juntas), descrença (de que exista no mundo uma palavra assim), ódio (de quem inventou o termo), desespero (por lembrar a cada segundo que é preciso aprender alemão) e, finalmente, coragem (de meter a cara e ler essa joça de qualquer jeito, seja como for!). A palavra sai, invariavelmente com a pronúncia incorreta, mas não é que a gente aprende, justamente porque foi tão difícil?

Uma das coisas que me irritam um pouco no alemão é o fato de ter um verbo muito específico para cada ação. É claro que essa minha intolerância é só porque eu ainda não domino o idioma. Tenho certeza de que, mais para frente, eu vou adorar essa especificidade. Mas, no momento, lembrar de tudo é muito difícil! Por exemplo, em alemão existe um verbo para "colocar algo sobre uma superfície": stellen. Quando o objeto já está colocado, ou seja, se ele repousa sobre uma mesa, por exemplo, aí o verbo é stehen. Porém, atenção! Esses verbos você só usa se for um objeto com base, ou seja, algo que fica em pé, como uma caixa ou um copo. Se for um lápis ou uma flor, os verbos são, respectivamente, legen e liegen. Aaaaaaaaargh!

Outra coisa que às vezes me deixa doida é a pontuação. Pois é. Em português, as orações subordinadas nunca são precedidas por vírgulas. Inclusive é um erro que me dá arrepios, quando vejo um. Brasileiro adora escrever pela internet coisas como "Eu acho, que...". Essa vírgula aí é um erro. Mas, em alemão, tem que ter essa vírgula: "Ich bin die Meinung, dass...". Ou seja, vocês têm noção de como isso me incomoda?

Mas tudo bem! Sem pressa, certo? Outro dia eu recebi uma visita 100% alemã e eu conversei com ela durante duas horas e meia apenas em alemão! Sei que cometi muitos erros, e algumas vezes eu fiz cara de dúvida e ela me ajudou. Mas o fato de ter entendido e de ter sido entendida me fez ganhar a minha semana! É muito bom olhar para trás e para o hoje e constatar que estamos progredindo.

E sabem o que é engraçado? Eu estou lendo o livro A Menina que Roubava Livros, que comprei em inglês aqui. Quem já leu sabe que tem algumas frases e palavras soltas nesse livro que são em alemão, porque a história se passa aqui durante a 2ª Guerra Mundial. Para que todos entendam o que os personagens falam, o autor às vezes faz os personagens dizerem suas frases duas vezes, uma em alemão, outra em inglês. Acreditem, às vezes me irrita um pouco, tanto por eu já ter entendido o que havia sido dito, como por achar meio nonsense a pessoa ficar dizendo a mesma coisa duas vezes. Mas eu confesso: ao mesmo tempo em que tenho esse pequeno prazer de entender algumas coisas, eu ainda consigo aprender algo novo. Isso, porém, vocês não contam para ninguém.


*****

O próximo post será sobre as curiosidades que eu aprendi sobre os países dos meus colegas de curso!

domingo, 24 de janeiro de 2010

Natal na Alemanha

Decoração de Natal em Rastatt

Depois de postar sobre o nosso Réveillon, eu percebi que não havia dito nada sobre o meu primeiro Natal na Alemanha. Bem, a ordem dos posts vai ficar meio maluca, mas como estou postando tudo junto, quem chegar aqui vai acabar lendo primeiro sobre o Natal, o que faz mais sentido! Eu diria que o meu subsconsciente planejou tudo, hehehe.

Bem, Natal por aqui há muito tempo não tem muito a ver com Jesus. A não ser em igrejas cristãs, por todo lado só se fala em Papai Noel, compras e floquinhos de neve estilizados. O must são as feiras de Natal (Weihnachtsmarkt) - cada cidade faz a sua, maior ou menor. Essas feiras têm um aroma muito característico - um cheiro doce no ar, e em quase todas encontramos mais ou menos as mesmas coisas:

Glühwein Simplificando, é vinho quente acrescido de especiarias e, às vezes, mel. Mesmo para quem não é muito chegado em bebidas alcoólicas, como eu, uma bebida que te esquenta duas vezes (por ser quente e por ter álcool) não é nada mal na friaca que faz por aqui, ainda mais ao ar livre. Eu descobri que o Glühwein é um parente distante do quentão brasileiro e um primo de primeiro grau do Gløgg, uma bebida quente que experimentei na Noruega - mas que era feita com suco de frutas vermelhas em vez de vinho (lembra, Nádia?).

Lango Casamento entre a esfirra e o pastel sorriso, o lango é retangular, grande, frito, gorduroso e muito, muito gostoso. Pode vir com vários recheios: queijo, queijo com presunto, queijo com alho, alho, canela... O meu favorito é queijo com alho. Para ser perfeito, só se as feiras de Natal por aqui passassem a oferecer também cadeiras, em vez de apenas barraquinhas onde comemos em pé (e no frio).

Lango de queijo com alho

Gebrannte Mandeln Conhecida no Brasil como Beijo Quente ou Platinê (geralmente feita com amendoim), por aqui encontramos esta guloseima com vários tipos de frutas secas: amêndoa, avelã, macadâmia, nozes, amendoim... Apesar de poder ser encontrada em outras épocas do ano, é no Natal que parece fazer mais sucesso.

Chocolates Claro que não é preciso desculpa para comer chocolate, mas nessa época surgem os temáticos: Papais Noéis, árvores de Natal, bolas de enfeitar a árvore, tudo feito de chocolate.

Speculatius É um biscoito tipo amanteigado, altamente engordativo, com leve sabor de canela. Ótimo para derreter no leite quente, hmmm...

Quinquilharias e outros Além dessas iguarias, encontramos também nas feiras de Natal doces diveros, biscoitos, enfeites de Natal e brinquedos de madeira para as crianças. Tem também umas bijuterias e umas coisas esotéricas que não tem nada a ver com nada, mas está tudo lá, pronto para ser vorazmente consumido.

Em cima: quinquilharias natalinas
Embaixo: alguém se lembrou de Jesus!


E a neve?

Bem, nós ficamos bem bravos por aqui, porque nevou um pouco antes e bastante depois do Natal, mas nos dia 24, 25 e 26 propriamente ditos o chão estava sem nem unzinho traço de neve sequer. Tudo bem. Desde então, já nevou bastante e acho que matamos a vontade de ver as ruas cobertas de branco.

Der Schneemann saudando a neve

Não deixe de ler o post abaixo, sobre o nosso Réveillon em Stuttgart!

Silvester em Stuttgart

Eu e meu marido resolvemos passar o Réveillon (que aqui na Alemanha se chama Silvester) em algum lugar diferente. Diferente aqui, caros 13 leitores, significa maior, já que as prefeituras alemãs sofrem de uma preguiça generalizada de organizar uma decente queima de fogos de artifício para a noite do ano novo. Em vez disso, eles liberam geral para o povão, que pode comprar todo tipo de fogos e soltar onde der vontade. "Oh, que lindo, a participação do povo é o que faz uma verdadeira festa popular!" É. Verdadeira, mas também desorganizada e, às vezes, perigosa.

Enfim, nós partimos para Stuttgart na manhã do dia 30, com o intuito de aproveitar um pouquinho a cidade, já que no dia 31 quase tudo estaria fechado. Logo nesse primeiro dia, nossa programação incluía visitar o Museu Mercedes-Benz (clique nas fotos para ver em tamanho maior).

Fachada do museu

Nem é preciso descrever a alegria do meu marido quando entrou no prédio futurista, né? Logo de cara a gente já encontra um monte de carros: no chão, no teto, grudados nas paredes.

Todo feliz

Lá dentro, o visitante primeiro pega um elevador meio esquisito e futurista até o último andar e depois vai descendo. A exposição permanente conta a história do automóvel e exibe desde os primeiros exemplares da Mercedes até os carros-conceito, daqueles bem esquisitos e naturebas que vemos em reportagens sobre salões de automóveis.

Em cima, carros do início do século 20
Embaixo, um modelo dos anos 1950


Uma das coisas interessantes que vi lá foi a maneira como o museu fala da 2ª Guerra Mundial. Eles não tentam esconder o fato de que a Mercedes empregou trabalho forçado de judeus e outros grupos que foram isolados pelos nazistas em guetos. A exposição também esclarece que, após a Guerra, a Mercedes ainda levou um tempo para se redimir com os aliados e voltar a funcionar. Mas tudo é esclarecido de maneira bem transparente.

Alguns carros legais e "famosos" que vimos lá: um utilitário que foi utilizado nas filmagens de Jurassic Park 2 - O Mundo Perdido; um Mercedes vermelho que pertenceu à princesa Diana e que ela devolveu por causa das reclamações dos britânicos; o Papamóvel utilizado por João Paulo II; e um Safety Car da Fórmula 1.

Jurassic Park 2 - The Lost World

E por falar em Fórmula 1, a seção do museu dedicada a carros de corrida era, sem nenhuma surpresa, a mais concorrida. Numa parede com os nomes de grandes pilotos de corrida, em várias categorias, não podia faltar o nome do nosso querido Ayrton Senna. O nome do Emersn Fittipaldi está um pouco abaixo - e eu confesso que ele só saiu na foto por acaso, eu não tinha visto na hora. Acho que ver os carros lá no museu é o mais próximo que jamais estarei de um carro de F-1.

Homenagem aos pilotos
e carro de Hamilton em 2008


Mas Stuttgart não é só esse museu. Nós passeamos pelos jardins do Castelo, e ali perto ficava também um lago com a Ópera. O centro da cidade é muito bonito, com uma looonga rua só de pedestres, onde encontramos muitas lojas de roupas. Só não achamos fácil encontrar um lugar para comer - parece que o povo de lá gosta de comprar só roupas, e não comida. Deve ser para entrar nas roupas, né? Enfim, o que nos salvou foi uma pseudo-e-tardia-feirinha de Natal que estava ali provavelmente só para incrementar a cena em volta da pista artificial de patinação no gelo, mas que tinha pão com salsicha e batata frita. Por falar nisso, Stuttgart tem uma das feiras de Natal maiores e mais famosas aqui da Alemanha. Dizem que é enorme e muito bonita.

Ópera de Stuttgart

No dia 31, visitamos a Stuttgart Fernsehturm (Torre de TV), uma das poucas atrações que estavam abertas. A torre foi a primeira do mundo feita de concreto, e foi terminada em 1956, servindo de modelo para várias outras pelo mundo afora. O topo da torre fica a 153m do chão, que por sua vez está a 483m acima do mar. Nós subimos até o alto da torre, e lá de cima pudemos apreciar a vista, ver um pôr do sol muito bonito e até mesmo pegar um vento gelado que se converteu em um resfriado alguns dias depois!!!

Fernsehturm: altas aventuras e muito frio!!!

Agora só resta falar sobre a festa de Réveillon propriamente dita. É claro que é legal para o povo poder soltar fogos. Afinal, é o único dia do ano em que eles podem "soltar a franga" por aqui, nesse sentido. Poder fazer barulho após as 20h pelo visto é um prazer inenarrável pra galera. E não é feio, mas eu senti falta de uma coisa mais organizada. Outra coisa que me deixou meio assim, cabreira, foi o fato do pessoal soltar fogos pra tudo que é lado: pra cima, pra baixo, pros lados... tem gente que não sabe brincar, então nós achamos um cantinho para observar tudo sem sermos perturbados com fogos estalando literalmente na nossa cabeça.

Reparem no sujeito soltando fogos direto da mão

Depois de ver bastante fogos, voltamos para o hotel de metrô. Nada de festa, nem comilança. No dia 1º voltamos para casa, com saudade do nosso cantinho mas também lamentando deixar Stu, que é muito bonitinha. E esse, meus queridos 13 leitores, foi o nosso Réveillon em Stuttgart. Já estamos fazendo planos para o próximo. Quem tiver alguma dica, é só deixar nos comentários.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Volta às aulas

Nada como um caderno de Nárnia para alegrar as aulas!

Tirei a poeira do dicionário, busquei livros em armários e empunhei caderno novo: voltei para a escola.

Eu sempre gostei do início do ano escolar. Era muito gostoso ter cadernos e livros novos, e se possível também mochila, estojo, lapiseira, borracha e caneta. O cheirinho das páginas recém-saídas das gráficas, do material novinho, do plástico que cobria as capas de cadernos e livros. Ah, como era gostoso! (Isso perdeu um pouco da graça na universidade, quando os professores não pediam livros, e sim textos da xerox - e todo universitário sabe que xerox é enjoada, lotada, cansativa e não tem cheirinho bom coisa nenhuma!)

Bem, semana passada começou o meu curso de alemão. Em janeiro de 2008, eu já havia feito o Módulo 1, apenas o comecinho desse mesmo curso. Agora vou fazer os seis módulos básicos, inclusive repetindo o primeiro. Não quis cair de pára-quedas no Módulo 2, preferi relembrar a matéria do começo e ter a gostosa sensação de entender tudo o que a professora fala. O curso é intensivo, e está previsto para terminar em abril do ano que vem.

A minha turminha é muito legal. Tenho dez amiguinhos, cada um de um país diferente, com exceção de duas russas que dividem a nacionalidade. Os outros países são Vietnã, Turquia, Romênia, Tailândia, Egito, Moldávia, Ucrânia e Espanha. O pessoal é simpático e mostrou entrosamento logo no primeiro dia, apesar de quase ninguém ter bagagem de alemão suficiente para realmente conversar. Nossa simpatia é transmitida uns aos outros através de sorrisos de encorajamento em sala de aula.

É muito interessante poder conhecer pessoas de outros países e culturas. Apesar de às vezes me acostumar com o fato de estar na Europa e cercada de gente de tudo que é canto do mundo, de vez em quando eu me forço a lembrar que essa é uma situação que eu tenho que aprender a valorizar. Uma das coisas que gosto de fazer é observar as personalidades de cada um e tentar isolá-las das idéias pré-concebidas que se tem em relação à nacionalidade dessa pessoa, porque todo mundo (e eu me incluo nessa) tem mania de colocar rótulos, e isso não é bom. Por exemplo, o pensamento geral aqui é de que os russos, que aqui tem aos montes, vêm para cá para "mamar nas tetas do Governo" e sempre tentam conseguir algo em proveito próprio. Porém uma das russas da minha turma não tem nada a ver com isso, é simpática e esforçada, e não parece ser do tipo que sempre gosta de ter vantagem em tudo. A romena é super agradável e gentil, o que vai contra o pensamento que temos de que todo europeu - ainda mais do Leste - é arredio. O turco é risonho, diferente da idéia que eu tinha de que eles sempre são sisudos e fechadões. O espanhol é engraçado e bastante disposto a entender o meu português, o que joga contra a antipatia que podemos sentir em relação aos agentes alfandegários que trabalham nos aeroportos da Espanha, não é mesmo?

E hoje, voltando para casa, eu vim ouvindo uma música que criou um momento digno de trilha sonora da minha vida: "O Caderno", do Toquinho. A música é muito fofa, e a parte da letra que eu mais gosto é aquela que diz assim: A vida se abrirá num feroz carrossel. Alguém pode dizer que não foi isso mesmo que aconteceu?

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O outono chegou! Mas nada de tristeza, pois há tempo para tudo!


O outono chegou na Alemanha, e com ele o frio. Frio que corresponde às temperaturas mais baixas do inverno carioca, mas que aqui faz as pessoas colocarem um pulôver, um casaco leve e, quem sabe, uma echarpe fina.

Conheço muita gente que não gosta de ver o frio chegando por aqui. E não estou falando só de brasileiros, não! Algo me diz que o alemão fica meio borocoxô quando tem que tirar as blusas de frio das gavetas. Não é para menos: com estações bem definidas, esse friozinho significa que as férias acabaram, que a rotina voltou e que o inverno está chegando.

Eu também não fico feliz da vida, principalmente quando tenho que sair de casa. Mas consigo também ver o lado bom do outono.

Primeiro: as paisagens ficam lindas! As folhas amarelas e vermelhas, as árvores magrelas mas charmosas, a oportunidade de tomar um chocolate quente ou de passar a tarde debaixo do cobertor lendo um bom livro (combinar essas duas coisas também é muito bom).

Em segundo lugar, as pessoas ficam mais chiques. E aqui na Alemanha, isso significa que as pessoas cobrem suas roupas cafoninhas e espalhafatosas com casacos sóbrios e elegantes. Très chic!

E por último, mas não menos importante, o outono e o frio (e por que não o inverno?) nos ensinam a apreciar o sol, o calor e o verão. Eu sei muito bem o que é morar num país tropical que só tem duas estações no ano, sei o que é ver pessoas correndo para a serra paulista para poder curtir o frio, coisa que só quem vive torrando debaixo do sol sabe valorizar. Então é o sol que dá valor ao frio, o verão que dá graça ao inverno, e vice-versa.

No Brasil, eu sempre aguardava o que havia de bom na estação seguinte. Pode parecer o jogo do contente, mas o que há de mal nisso? Se são ciclos inevitáveis, o melhor que temos a fazer é aproveitar o que cada estação oferece de melhor. Que venha então o outono, e depois o inverno. Porque o colorido da primavera e o calor do verão não têm tanta graça sem os dois primeiros.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Saudade é isso

Terça-feira, 19h50. Lá fora, o céu começa a escurecer. É finalzinho de verão, mas a estação já cedeu há muito tempo. Há alguns dias que faz frio; os casacos mais pesados saíram do armário, assim como as echarpes que fazem as vezes de cachecóis. Estamos naquela época do ano em que as janelas já não podem mais ficar abertas, mas ainda é cedo para ligar os aquecedores.

Geralmente, a esta hora, meu marido já chegou em casa. Hoje, ele vai ficar trabalhando até mais tarde. Janto, deito na cama um pouco e olho para o céu escurecido lá fora. As lembranças me invadem.

Minha memória pula para meus últimos dias no Brasil. Dia 1º de junho, onze dias antes do meu casamento, eu estava apenas com minha mãe e minha irmã em casa. A família ia começar a chegar no dia seguinte, logo seriam dezenas de pessoas pelos corredores, quartos, salas, banheiros, cozinha. Não haveria um lugar onde não estivesse alguém fazendo alguma coisa. Mas agora estamos só nós duas, eu e minha irmã, sentadas ali no quintal, no degrau da porta da sala de TV. O céu está igualmente escuro, algumas estrelas despontando, o dia chegando ao fim. Minha irmã se levanta e entra, eu fico ali. Me pego pensando, naquele instante, que é o meu último momento mais íntimo com a casa. Só nós e a casa onde passamos boa parte da infância e toda a adolescência.

Nos últimos meses, eu havia passado várias tardes sozinhas ali trabalhando, com minha mãe em Minas e a Nádia no trabalho. E eu gostava de estar assim. No final da tarde, a Nádia chegava, tomava café, nós colocávamos as conversas em dia e ela se arrumava e saía para a faculdade. Às vezes, quando ela não tinha aula, víamos um filme. Acho que aproveitamos pouco do que poderia ter sido.

Quando minha mãe estava em casa, ela ficava fazendo seus trabalhos manuais na sala, ou na sala de TV, ou mesmo na cozinha. Eu ia lá de vez em quando, para espairecer um pouco. Batíamos um papo, ela me contava alguma coisa que havia visto na TV ou que tinha acontecido recentemente. Quando meu pai também estava em casa, um deles fazia café lá pelas quatro da tarde e levava uma xícara para o outro, às vezes acompanhada de um pão francês ou de uma fatia de queijo Minas. Me dói pensar que é uma experiência que não vou ter mais como da minha casa. Agora, todas as vezes que eu presenciá-la, será uma cena isolada, na casa dos meus pais. Ela não é mais minha, é deles.

Minha memória pula de novo, agora para a última vez que o David esteve em Niterói antes de vir para a Alemanha pela primeira vez, há dois anos. Ele me ajudou a mudar os móveis do meu quarto de lugar, e depois me ajudou a arrumar tudo, jogar coisas fora, colocar outras no lugar. Foi no último dia mesmo. No dia seguinte, ele viajou para Santos e, alguns dias depois, de São Paulo para Frankfurt, trazendo um pedação do meu coração com ele.

Mudanças têm esse poder de imprimir imagens, cheiros e ruídos em nossa memória. Posso fechar os olhos e me imaginar na casa dos meus pais, neste mesmo horário: o cachorro do vizinho latindo, minha mãe cantando enquanto se arruma para o ensaio, meu pai esquentando o jantar no microondas enquanto vê jornal na TV da cozinha, meus sobrinhos brincando, cigarras e grilos cantando lá fora, talvez o som do meu próprio teclado do computador.

Também consigo me lembrar fácil de outros marcos na minha vida: estranheza saindo de Niterói em 1989 e chegando em São Luís em seguida; memórias de viagens diversas; saudade me despedindo da minha irmã que foi para o seminário em 1991; saudade de mais uma vez me despedindo da outra irmã que casou e foi morar fora em 2001; nostalgia e nó na garganta abraçando amigos no meu casamento; surpresa, novidade e cansaço chegando na nossa casa nova na Alemanha. Partidas, chegadas, mudanças.

É tudo muito melancólico, eu sei, mas também é muito bom. A saudade é gostosa, faz a gente lembrar do que a gente ama e valoriza. Momentos preciosos que não voltam mais, e que por isso mesmo têm um lugar muito especial no coração. Muitas vezes não percebemos a importância deles enquanto acontecem, mas em algumas poucas ocasiões temos essa sorte. E, naquele 1º de junho, eu pude desfrutar do meu último cair da noite, a sós com a nossa casa.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Final de semana na Alemanha

Sábado, eu e meu maridão fomos a um pocket show da esposa do chefe dele. O convite foi feito há um bom tempo, e não sabíamos se ia dar pra ir, mas acabou tudo dando certo.

Como sempre aqui nessa terra, nós passamos por umas aventuras para chegar ao local onde seria o show. Nós tínhamos um mapinha, mas estamos descobrindo dolorosamente e na prática que isso nem sempre ajuda.

Chegamos ao local indicado no papel e encontramos uns prédios antigos. Fomos procurando e vimos uma luzes vindo de uma porta, e lá dentro tocava música alta. Algumas pessoas fumando na porta, uns caras com aquele jeitão decadente de "E aí, gatinha?", mulheres tentando desesperadamente esconder a idade com maquiagem. "É aqui?", pensei meio desolada. Quando entramos, fomos saudados por música caribenha num volume homérico. Dentro do salão, fomos subitamente transportados - contra a nossa vontade, diga-se de passagem - para uma cena do filme Dança comigo?, aquele com a Jennifer Lopez e o Richard Gere. Também poderia ser Dirty Dancing 2: Havana Nights - você escolhe o suplício. Bem, obviamente não era ali, então resolvemos pedir informação a alguém. Enquanto o maridão foi pedir informação, fiquei observando os casais dançando na pista. Hum. Pelo menos não sou a única que não tem gingado por aqui. Pairava no ar uma leve atitude Não sei o que estou fazendo aqui, mas eu só quero me divertir. Corta para o marido recebendo informação de um professor magrinho que não parava de dançar enquanto falava e explicava para onde devíamos ir. A cara do marido diante disso foi impagável.

Enfim, quando saímos de Little Havana, conseguimos encontrar onde seria o show. Era uma espécie de galpão-abandonado-transformado-em-lugarzinho-cool, muito comum no Rio. Infelizmente vocês terão que contar com a imaginação de vocês para visualizar o lugar, porque eu meio que esqueci que tinha um blog e nem lembrei de tirar fotos do lado de fora. Também vão ter que adivinhar a minha roupa, porque eu também esqueci de tirar uma foto minha!

Chegando lá, um palco pequeno, algumas fileiras de cadeiras e um ambiente acolhedor. Olhei em volta e só reconheci algumas poucas pessoas que já conhecia do trabalho do David, além do pastor da igreja alemã que fomos uma vez aqui em Rastatt. Ele e a esposa estavam sentados e bebendo champanhe. Definitivamente, pastores alemães são diferentes.

A Nurten, esposa do chefe e estrela da noite, parecia bem nervosa, mas eu soube depois que já era a segunda vez que ela fazia isso. Ela não é cantora profissional [ainda], mas gosta muito de música e, cá entre nós, é dona de uma voz muito bonita, como eu descobri nesse dia. A voz dela é suave e tem um timbre mais grave, e foi muito gostoso ouvi-la cantar.


O show começou e, graças a Deus, todas as músicas foram em inglês. Tudo bem que eu não entendia patavinas do que ela dizia entre uma canção e outra, mas já estou me acostumando a isso.

Eu gostaria de poder dizer aqui o nome das músicas que ela cantou, mas eu não sei. Eu conhecia algumas, mas não sabia cantar, nem o nome. Aposto que minhas cunhadas saberiam, rs. A Nurten chamou alguns convidados para cantar com ela, e no final ela também tocou um pouco de violão.

Depois ela chamou dois rappers alemães (mas que também poderiam ser dois meninos paulistas), de cujo discurso/cantoria inflamados eu só entendi uma palavra: Deutschland. Pois é.


Após o show realmente acabar, a galera arrastou as cadeiras (o que bizarramente me remeteu aos retiros de Carnaval do CEI) e começaram a tocar um bate-estaca lá. Acho que aquilo era uma balada alemã. Fomos para o mezanino e comemos alguma coisa, conversamos mais um pouco e decidimos que, para a nossa primeira balada alemã, já estava de bom tamanho. Pegamos carona com um colega do David e viemos para casa.

***

No domingo, nós fomos a [mais] uma festa de verão, desta vez na cidade de Ettlingen. Fazia sol, então resolvemos que seria uma boa sair um pouco de casa.

Chegamos lá e a cidade estava fervendo. Nos disseram que era uma das últimas festas do verão, e uma das maiores, e que por isso ia bombaaaaar!!! Ok, ninguém que eu conheço fala assim, mas é mais ou menos essa a ideia.

O que havia de diferente nessa festa, além das intermináveis barracas de comida e bebida, eram duas coisas. Primeira: assim que chegamos, demos de cara com uma banda tocando ABBA. A princípio pensei que fosse uma furiosa, mas depois percebi que era uma orquestra... de acordeons (olha aí, mãe)! Chegamos quando estavam tocando Super Trouper, e depois entrou SOS. Confiram no vídeo abaixo um trecho.



Eu insisti com o maridão pra gente sentar e comer (sim, por que mais estaríamos lá?) ali perto. Acabamos almoçando ao som do grupo, que tocou músicas tradicionais alemãs, americanas e italianas.

A segunda coisa diferente que vi nessa festa foi uma feirinha de artesanato. Tinha cada coisinha mais linda e diferente. Algumas com preço bom, outras nem tanto. Eu acabei não comprando nada porque ainda não sei como vai ser a decoração aqui de casa, então preferi deixar para a próxima.


E assim terminou mais um final de semana na Alemanha. Esta semana será bem agitada, e espero voltar aqui no próximo domingo com notícias e novidades!

sábado, 22 de agosto de 2009

Baden-Baden, minha constante na Alemanha

Cassino e casa de espetáculos de Baden-Baden

No quinto episódio da quarta temporada de Lost, um dos personagens centrais da série enfrenta um pequeno probleminha: sua consciência começa a viajar no tempo. Para evitar a própria morte, ele tem que estabelecer a sua constante, uma pessoa que ele conheça em todos os tempos pelos quais sua consciência está viajando, e tentar fazer contato com essa pessoa.

Bem, hoje eu decidi que Baden-Baden, cidade vizinha à nossa, será a minha constante na Alemanha. Minha consciência não está fazendo viagens no tempo, nem eu estou ficando maluca, mas eu descobri que essa cidade poderá me ajudar quando a "depressão europeia" me alcançar.

Morar na Europa é um privilégio, com toda certeza. Mas há uma enorme diferença entre passear e morar. Quando você está num lugar a passeio, tudo é lindo, pitoresco e engraçado. Você tira foto de tudo (só pra depois chegar em casa e ficar se perguntando onde estava com a cabeça quando fez aquela foto), quer visitar todas as atrações e você também sorri bastante. A vida é uma festa. Mas morar aqui é um pouco diferente, porque as coisas perdem o encanto de "ah, que legal e diferente!" e passam a ser "essa porcaria me enche a paciência!".

Nessas últimas duas semanas eu estava meio triste, chateada por estar tão longe da minha família e dos meus amigos do Brasil. Me forcei a pensar nas coisas boas de estar morando na Alemanha, e isso me lembrou que fazia tempo que a gente não passeava num lugar novo. Então, já há algum tempo, sugeri ao meu marido que fôssemos passear em Baden-Baden, cidade que ele já conhece um pouco, mas onde eu só tinha passado pela estação de trem.

Era questão de vida ou morte. Tá, nem tanto, mas eu precisava de um alívio.

Pesquisamos ontem na internet alguma coisa sobre o que fazer na cidade, e descobrimos que lá tem umas ruínas de uma casa de banho romana. Imediatamente isso me animou (adoro cacarecos), e também descobrimos que tem um pseudo-trenzinho que faz um passeio pela cidade. Nada escreve "Turista" na sua testa como um trenzinho desses, mas fazer o quê? É assim que a gente se diverte.

Baden em alemão significa "tomar banho", então é engraçado ter uma cidade com esse nome num país onde o povo não é muito chegado numa chuveirada diária. Mas a explicação para o nome da cidade está nas águas termais que são conhecidas desde a época dos romanos. O imperador romano Caracalla (nome sugestivo, não?) ia até lá para tratar sua artrite, e tem até uma casa de banho - são muitas em Baden-Baden - com seu nome. A cidade antigamente não tinha o nome repetitivo, mas como o estado também se chama Baden, a cidade virou Baden-Baden, uma maneira de dizer que é "a cidade de Baden no estado de Baden". O ex-presidente americano Bill Clinton gostou tanto de lá que chegou a dizer que "Baden-Baden é tão agradável que tiveram que nomeá-la duas vezes".

Bem, agora vamos ao passeio. Primeiro ponto positivo: a cidade fica a apenas 7 minutos (de trem) da nossa. Chegamos lá e pegamos um ônibus até o centro da cidade - e meu olhar de dona de casa já captou os supermercados que não tem aqui em Rastatt, hehehe. Descemos na estação inicial do "trenzinho" e seguimos viagem com ele.

O ônibus disfarçado de trenzinho

No trajeto, passamos por diversos prédios residenciais e construções antigas muito bonitos, e logo ali já comecei a ficar encantada com a cidade. O charme do centro me lembrou muito Paris. Talvez sem a boemia francesa e com um pouco da extrema praticidade alemã, mas foi o suficiente para me agradar. Alguns lugares também me lembraram Petrópolis.

Um certo ar parisiense

O trenzinho subiu uma montanha através de um bairro - encravado na Floresta Negra - que, eu presumo, seja o recanto dos chiques&famosos em Baden-Baden, porque eu vi muitas casas enormes e com um só nome na porta - e é assim que a gente descobre se uma casa com jeito de castelo é uma mansão ou uma espécie de cortiço de luxo, com umas 6 famílias diferentes morando lá dentro, em apartamentos.

A casinha na montanha

Depois do passeio, fomos em busca das ruínas da casa de banho romana. Rodamos, rodamos e rodamos, até encontrar o tal lugar... que só abre de 11h às 12h e depois de 15h às 16h. Não me perguntem sobre o horário bizarro, porque também não entendi. Fomos almoçar, passeamos mais um pouco pelas ruazinhas estreitas e antigas do centro e fomos até o cassino dar uma espiada...

Pracinha charmosa

Às 15h, voltamos às ruínas romanas, e entramos. Tinha um audioguide em inglês, mas nós não entendemos muita coisa, porque a explicação era muito vaga. Mas deu para ter uma ideia de como era o lugar, e conseguimos tirar uma foto clandestina (por que é permitido tirar fotos da Mona Lisa com flash mas não pode tirar de jeito nenhum de um monte de pedra velha?).


Na saída das ruínas, mais um passeio pela cidade, uma parada para comer sorvete e torta de chocolate com rum e cerejas, e depois a viagem de volta para casa.

Me deu vontade de morar em Baden-Baden. A cidade é linda, agradável e animada, cheia de gente nas ruas, o que faz toda a diferença aqui na Alemanha! Quando a tristeza vier e bater aquela vontade de ver gente na rua, movimento de pessoas pra lá e pra cá, ou mesmo que seja só para sentar num parque bonito e curtir a paisagem, Baden-Baden será a minha constante.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Um dia comum

Que o tempo na Alemanha é maluco eu já sabia.

Já estou bem acostumada com isso, até porque em Niterói o clima não era exatamente confiável. Quando eu tinha que ir ao Rio (ou seja, uma saída mais longa), eu costumava levar na bolsa um guarda-chuva e um casaquinho. Aqui não é muito diferente, porque o tempo também pode virar do nada.

Mas, geralmente a previsão do tempo aqui na Alemanha não falha. Portanto, hoje fiquei surpresa quando acordei e vi o céu nublado, já que a previsão previa (duh) céu sem nuvens até quinta-feira.

Pois bem. À tarde, a coisa mais estranha: começou a trovejar e caiu um temporal daqueles, com vento, chuva castigando as janelas e essa coisa toda. O meu lado recente-fã-de-Percy-Jackson pensou "Hum, Zeus tá nervoso". O meu lado recente-moradora-da-Alemanha pensou "Nossa, a previsão do tempo errou, não admira que esteja chovendo". Já o meu lado candinha (É, eu tenho vários lados. Trust me, I could go on forever.) me impeliu até a janela, onde fiquei assistindo ao temporal. Adoro observar tempestades. É gostoso ver uma chuva forte caindo, principalmente quando não há o risco da água empoçar no seu quintal e inundar a sala, a cozinha e os banheiros (né, Nádia?).

Dali a pouco, eu vi algo inédito: começou a chover granizo. Não que nunca tenha acontecido na Alemanha, mas é que eu nunca tinha visto! Mas aí pensei: "Ué, não tem que ter frio pra ter gelo?" Ledo engano, caros leitores, porque eu coloquei a mão pela fresta da janela e não estava nada frio lá fora. Vida de dona-de-casa também é cultura.

Bem, esse tempo todo eu estava na sala. Decidi ir até a cozinha, que tem uma janela voltada para o outro lado do prédio. Enquanto observava as bolotas de gelo menores do que bolas de gude castigando os carros no estacionamento, aliviada pelo nosso carro não estar lá embaixo - até porque não temos um - o Sol saiu! Assim, no meio da tempestade e do gelo, ele se atreveu a dar as caras, e com vontade! E então, no riacho que tem do outro lado da rua, surgiu um arco-íris!

Tipo, a nossa rua não é larga, então estou falando de um arco-íris que estava logo ali, a 50 metros, o sonho de qualquer um em busca do famoso pote de ouro. E ele estava mesmo dentro do córrego. Fiquei olhando embasbacada enquanto ele surgiu, forte, brilhante e colorido, desapareceu, brilhou de novo e então sumiu de vez.

A vida às vezes cai na rotina. Uma chuva de granizo pode quebrar o marasmo. E ainda nos presentear com um córrego e um arco-íris dentro dele, bem ali na janela da cozinha.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Ragetti

Prólogo explicativo bem curto: alguns dias antes desta história acontecer, meu marido e eu, juntamente com o meu sogro, havíamos ido a uma loja chamada Karstadt para comprar nossas máquinas de lavar e secar roupas. A de secar chegou logo e sem problemas, já a de lavar...


A mulher linda e o entregador bobo

PÉÉÉÉÉÉÉÉÉN!

Eu pulo na cadeira. Toda vez é a mesma coisa. Devia ter uma lei que proibisse as pessoas de colocarem um interfone tão alto num apartamento tão pequeno!

Atendo o interfone. Ele começa a cuspir palavras em alemão:

-Bla bla bla bla bla Karstadt bla!

Opa, pesquei uma palavra-chave: Karstadt. Respondo:

-Ja!

Geralmente, quando toca o interfone, eu atendo, falo "ja" (fala-se "iá", e isso significa "sim"), ouço o que falam, pesco uma palavra-chave (tipo DHL, Amazon, etc) depois digo "ja" ou "ok" e aperto o botão para abrir a porta do prédio lá embaixo. Ok, confesso que às vezes eu não entendo nada do que falam e mesmo assim abro a porta. Foi assim que uma vendedora de comida congelada veio parar na minha porta. E, se um serial killer apertar o nosso nome lá na entrada e eu atender, ele pode até dizer "Olá, sou o Hans, vim esquartejar você!" que eu vou responder alegremente "Ja!", abrir a porta do prédio, abrir a porta do apartamento e esperá-lo com um caloroso sorriso de boas-vindas em cima do meu capacho do Mickey Mouse!

Bem, continuando a história do entregador: lembram que quando eu falo o segundo "ja" eu aperto o botão pra abrir a porta, né? Então, dessa vez, depois do segundo "ja", o bendito entregador começa a tagarelar:

-Bla bla bla bla bla bla bla blaaaaá!

Hummm... o que ele está dizendo? Será que está perguntando se eu comprei uma máquina de lavar roupas? Respondo com alegria e convicção:

-Ja!

O palavrório volta. Eu não entendo o que ele diz, mas tenho boa memória e sei que foi a mesma frase de antes, mas num volume mais alto e com mais impaciência:

-Bla bla bla bla bla bla bla blaaaaá!
-Jaaaaa!!!!! - berro de volta.

Nessa hora eu fico irritada e começo a duvidar da inteligência do entregador. (Mal sabia eu que ele também estava pensando o mesmo de mim.) Resolvo abrir logo a porta do prédio lá embaixo e parar com essa conversa pelo interfone, que já estava ficando sem-graça. Abro a porta do apartamento e fico em cima do Mickey. Nisso, eu ouço o entregador falando com seu colega lá embaixo:

-Bla bla bla bla bla bla bla blaaaaá! "Ja." Bla bla bla bla bla bla bla blaaaaá! "Ja!"

Arregalo os olhos de indignação! O cara está fazendo hora com a minha cara, me imitando! Ora bolas, eu tenho culpa se ele resolveu tagarelar? Quem PEDE pro dono da casa abrir a porta? É meio que óbvio, né? Se tivesse ficado caladinho eu tinha aberto a porta logo de uma vez!

O entregador sobe, carregando a máquina nas costas. Constato com satisfação que ele é feiosinho, uma espécie de versão alemã do Ragetti, aquele pirata magrelo e com um olho de madeira que vive caindo da cara, do filme Piratas do Caribe. Pensando melhor, ele é a cópia exata do bucaneiro.

O nefasto magricela põe a máquina no chão e começa a tagarelar de novo, apontando para dois pontos na parte de trás da máquina:

-Bla bla bla bla, bla bla, hier und hier. Ok?

Hum. Hier und hier significa aqui e aqui. Olho para onde ele aponta. Tá.

-Ok - respondo. Ragetti não parece muito confiante em minhas capacidades mentais. Ele repete:

-Bla bla bla bla, bla bla, hier und hier. Ok? Nicht vergessen!! Oder kaputt!*

*(tradução: Não esqueça!! Senão, vai estragar!)

Respondo "ok" mais uma vez, doida praquele homem com cheiro de cigarro sair da minha cozinha. Ele pega uns papeis para eu assinar, eu assino e ele fica me olhando com cara de bobo. Ragetti então, finalmente, vai em direção à porta, eu ponho minha melhor cara de "não gostei de você, você é bobo e me zoou" e, já que não posso falar nenhum desaforozinho pra ele, eu executo a minha vingança suprema: bato a porta... bem, nas costas dele, porque ele já está descendo a escada, assobiando e, provavelmente, tirando mais um cigarro do bolso.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Sobre salsichas e pães

Ontem foi o meu marido que fez o jantar. Eu estava trabalhando e meio sem ânimo de cozinhar quando ele chegou do trabalho, então pedi para ele fazer alguma coisa.

O super prato preparado por ele foi Weißwurst (salsicha branca) com mostarda doce e pretzels. É um prato típico da Baviera, estado que fica aqui bem ao lado do nosso. Primeiro, a salsicha é esquentada na água (mas não fervida). Depois a colocamos no prato, tiramos a pele e comemos com a mostarda e o pão. O gosto é um pouco apimentado. Até a mostarda doce tem um leeeve sabor de pimenta ao fundo. Eu gostei, mas não é algo para se repetir várias vezes por mês. Ou por ano.


Esse negócio de pão aqui na Alemanha (e na Europa em geral) é levado muito a sério. O pretzel, por exemplo, é uma iguaria medieval. Ou seja, ele está por aí há cerca de 900 anos, pois os primeiros registros do pãozinho de forma esquisita datam de 1111. É isso mesmo, queridos leitores: mil cento e onze! Na época, ele era usado como símbolo de alguns padeiros. E adivinha qual é o logotipo que representa uma padaria e confeitaria em muitos lugares aqui na Alemanha? Isso mesmo, um pretzel estilizado. Mas eu soube que uma revitalização da marca está marcada para o ano de 2997, e já tem gente organizando protestos contra "essa pressa toda".


E se você, incauto brasileiro, acho que pretzel é coisa de gringo, está muito enganado. Podemos não ter comumente no Brasil o pão mais macio e de forma arredondada, mas temos uma versão do mesmo. Eles são, digamos, os primos pobres do pretzel: os palitinhos salgados, que na Elma Chips atendem pelo bizarro nome de Stiksy (que, aliás, eu descobri que ficam uma perdição quando mergulhados em Nutella!).


Próxima aventura culinária na Alemanha: chucrute...?


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Ps: obrigada por todas as visitas e comentários.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Festa! Rastatt 925 anos

Assim que cheguei na Alemanha, há cerca de um mês, eu estava meio tristinha. Saudade da família, dos amigos, do Brasil. Tristeza por não entender patavinas do que se diz por aqui. E também o choque de chegar da lua-de-mel em Paris (um dia escrevo sobre isso), um lugar chique, animado, alegre e (parcialmente) ensolarado, e encontrar uma Alemanha introvertida e cinzenta.

Bem, isso passou e os dias começaram a ficar bem melhores. Mas eu fiquei feliz mesmo quando soube que no final de julho haveria a festa de aniversário de Rastatt, a cidade onde moro.



Uma das coisas que me deixam um pouco deprê às vezes por aqui é o fato de quase nada funcionar aos domingos, exceto um ou outro restaurante ou padaria, e mesmo assim só até bem cedo, tipo 17h. Para quem estava acostumada a viver numa cidade dez vezes maior do que esta, onde supermercado e shopping funcionam aos domingos, padaria então nem se fala, até as 23h... foi um choque e continua sendo. Andar pela cidade aos domingos é o mesmo que passear numa cidade fantasma. Eu gosto de ver gente na rua!!!

Mas vamos ao que interessa: a festa! Rastatt, uma jovem senhora, fez 925 anos, e foram três dias de comemoração por aqui. A festa aconteceu no centro da cidade, perto da nossa casa - aliás, estou descobrindo as alegrias de algo inédito: morar perto do centro da cidade. Porque eu sempre morei na "roça" em todo lugar onde vivi.

Não pudemos ir na sexta-feira, que foi o primeiro dia de festas, mas comparecemos no segundo e no terceiro. No sábado recebemos a visita dos pais, irmãos e cunhada do meu marido, além de outros brasileiros que conhecemos aqui. Almoçamos na praça (aliás, 80% da festa se resumia a comer e beber!), depois passeamos pela feira medieval que foi montada. Vi um pessoal praticando arco-e-flecha, mas fiquei meio sem jeito de tentar. Primeiro porque tinha plateia demais pro meu gosto, e segundo - e esse foi o motivo principal - porque eu não ia entender nada do que a instrutora ia dizer, o que poderia irritá-la. E nunca se deve irritar alguém que sabe manejar um arco e um punhado de flechas, principalmente quando esses estão ao alcance!



No sábado vimos também uma encenação de lutas de cavaleiros. Eu pensei que encenariam uma justa de verdade, mas foi mais uma espécie de embromation, o que não deixou de ser legal. Os cavalos eram lindos, e o apresentador fez a plateia rir, o que me leva a pensar que ele era engraçado. No final da tarde a família do David passou na nossa casa, tomou café e depois foi embora. Eu e meu marido então demos um tempo em casa e depois fomos para o after dark: showzinhos intimistas em três palcos espalhados pela festa, e depois queima de fogos - ao som de música clássica - às 23h. Depois dos fogos, sentamos numa mesinha e escutamos uma banda alemã tocar, entre vários hits nacionais, Hotel California e Hey Jude - que serviu para empolgar a plateia com o refrão!


No dia seguinte, chegamos e estava tendo um desfile. Muitas pessoas vestidas com roupas de época, representando vários momentos da história da cidade, assim como povos e grupos que fazem parte dela.


E, depois do almoço, fomos mais uma vez para a margem do rio Murg assistir os Cavaleiros do Rio Neckar, o grupo que eu mencionei. Dessa vez vimos do início ao fim, e num lugar mais tranquilo, na sombra.


Ao lado de onde eles se apresentaram, havia umas tendas representando um acampamento medieval. O mais legal é que eles realmente passaram a noite lá, porque nós vimos fogueiras nesse local quando voltávamos para casa na noite anterior. Me pergunto se eles fazem isso sempre como estilo de vida, se passaram a noite lá para "entrar no clima" ou se foi só porque era mais fácil, mesmo.

Resumo da ópera: gostei muito da festa. É muito bom ver a cidade movimentada e animada daquele jeito. Agora ficarei aguardando ansiosamente outras festas, e já soubemos por uma pessoa do nosso prédio que tem mais duas vindo por aí: uma em agosto (que não entendemos bem do que se trata) e uma outra que tem a ver com pesca. Segundo essa pessoa, esse aniversário de Rastatt foi até fraquinho. Hum... que venham então as festividades!

The first one

Nasce mais um blog.

E este aqui se chama Sala de espera do mundo.

Eu protelei por muito tempo esse negócio de fazer (outro) blog. Mas agora me empolguei, tomei coragem e resolvi começar pra valer. Afinal, se faltar assunto, eu estou morando na Alemanha e posso sempre fazer um post do tipo "fui à feira e comprei uvas" (piadinha interna, né Glória?), que meus familiares e amigos brasileiros vão gostar de ler. É sempre legal ler sobre a vida em outro país.

Aqui vocês vão ler um pouco sobre a minha vida, sobre como é a vida na Alemanha, mas também vão me ver escrevendo sobre as coisas que eu gosto: livros, filmes, música, comida... Sim, vocês vão me ver sempre falando sobre C.S. Lewis e Nárnia, isso não tem como evitar. Também posso filosofar de vez em quando, mas não tenham medo: eu não faço isso com muita frequência.

Então, bem-vindos ao meu mundinho. Espero que gostem.